Desembucha, meu rei!

O Discurso do Rei

O Discurso do Rei

Há um tempo atrás, numa terra ameaçada pela guerra, Shakespeare e Mozart ajudaram um príncipe a soltar a voz. Isso já torna uma história bela desde o início. Como um conto de fadas moderno. Tem um príncipe que vira rei. Que vira um herói nacional porque enfrentou uma guerra mundial e outra íntima: contra a própria dificuldade para falar.

Perto do início do filme O Discurso do Rei (The King’s Speech),  o terapeuta (Geoffrey Rush) convence o quase rei (Colin Firth) a ler um trecho do famoso monólogo de Hamlet com os ouvidos tampados pela música de Mozart (não lembro se era uma sinfonia ou uma abertura de ópera). To be or not to be… Ele não pode ouvir sua própria voz. Não se ouvindo, porém ouvindo Mozart, ele fala perfeitamente.

Essa é uma das melhores cenas – entre muitas boas cenas – do filme.  O Discurso do Rei conta um pedaço da vida do rei George VI,  pai da atual rainha da Inglaterra, Elizabeth II. É tão bonito e divertido o retrato da parceria maluca do futuro rei (Bertie para os íntimos) e o terapeuta australiano (dublê de ator shakespeareano) Lionel Logue, que causa até certa simpatia pela família real inglesa. Toda família tem algum podre, nem precisa ser “real”. Podres plebeus ou reais, todos carregamos podres e o podre nos cerca. Isso inclui as babás dos príncipes… também.

A esposa do príncipe (e futura rainha mãe), vivida pela ótima Helena Bonham-Carter, é quem incentiva o marido a procurar a ajuda não ortodoxa de Logue. Eles já haviam testado de tudo. Até bolas de gude atulhadas na boca. Então porque era tão estranho se submeter aos exercícios estranhos do Logue? Outro detalhe historicamente irônico é que Hitler tem um papel importante na briga do rei com a fala hesitante.  O que é a vaidade + a rivalidade, né? Ao ver um filme com o ditador alemão discursando para a multidão, o jovem rei inglês percebe a responsa que o aguarda.

É difícil decidir entre Geoffrey Rush e Colin Firth… Os dois atores estão perfeitos. Adorei as brincadeiras do personagem de Rush com os filhos, que advinham qual cena de peça de Shakespeare ele está imitando. E também todas as sequencias de explosões de cantorias, cacoetes e palavrões que servem para ajudar Firth a soltar a voz. É meu favorito ao Oscar, embora não tenha visto todos os candidatos. Outros grandes atores do filme são Guy Pearce (que faz o príncipe de Gales, depois rei Edward VIII), Michael Gambon (mais conhecido como professor Dumbledore dos filmes do Harry Potter, que faz o rei George V), Timothy Spall (O Pete Petigrew do Harry Potterr) no papel de Winston Churchill e Derek Jacobi (arcebisbo de Canterbury, que preside a coroação do rei).

The King's Speech

a voz do povo a voz do rei

O Discurso do Rei

To-to-be... or not to-to-to be...

O discurso do rei

A voz na corda bamba

O discurso do rei

música, dança, gritos e palavrões. tudo para o rei falar direitinho.

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Guia Webdebee para o Discurso do Rei

Trivias

Geoffrey Rush – atuou em Shakespeare Apaixonado no papel do produtor teatral da companhia em que Shakespeare trabalha. Um ator da companhia tem problemas de gagueira, mas quando o espetáculo começa e ele inicia sua fala, todos temem por ele, mas a gagueira some como que por mágica. “It’s a mystery”, diz Rush.

Winston Churchill – o futuro primeiro-ministro da Inglaterra e amigo dos príncipes David e Albert, também era gago. Soube disso ontem assistindo uma terapeuta no programa da Ana Maria Braga (é webdebee assiste e é fã do Louro José). Ela que contou que Churchill criou todo um estilo de oratória, com pausas estratégicas que disfarçavam a gagueira e conferiam solenidade a seus inesquecíveis discursos (blood, sweat and tears etc.).

Jennifer Ehle – adorável canastrona que faz a esposa do Logue, atuou com Colin Firth na adaptação de Orgulho e Preconceito de 1995. Os dois formam o par romântico Elizabeth Bennet e Mr. Darcy na série sobre a obra de Jane Austen, produzida pela BBC.

Tom Hooper – o diretor inglês também assinou as séries da HBO John Adams (com Paul Giamatti) e Elizabeth I (com Helen Mirren e Jeremy Irons)

Palavrões

Fuck, fuck, fuck. Buggar! Buggar! Fuck, bloody, fuck, ass! – Quando eu trabalhava em uma emissora de rádio, alguns locutores tinham exercícios bizarros para relaxar e soltar a voz. Diziam algo como:  Ha! Ho! He! Ê viado! E os operadores de áudio acompanhavam em coro do outro lado da cabine. Eram tempos malucos, mas bons tempos.

bugger – Um dos palavrões preferidos dos ingleses. Tem um significado original de “To sodomize someone”. Mas eles usam como qualquer coisa. Tipo o nosso bom e velho “porra”.  There once was a man from Belair / Who tried to bugger a bear. / But the beast was a brute / Who struck out at his root / Leaving nothing but testes and hair. by Cap’n Bullmoose (from Urban Dictionary)

Trava-lígua do Rei

Um ninho de mafagafas
tinha seis mafagafinhos.
Tinha também magafaças,
maçagafas, maçafinhos,
mafafagos, magaçafas,
maçafagas, magafinhos.
Isso além dos magafafos
e dos magafagafinhos.

Lugares

Palácio de St. James – Os livros da Jane Austen sempre citam o Palácio de St. James. O filme mostra o interior do palácio com suas galerias e salões.

Abadia de Westminster – o local da coroação é cenário de um dos trechos mais bacanas do filme. Quando o novo rei se impõe sobre as opiniões do Arcebispo.

Em 2008 – parte 2 – filmes (ainda…)

Achei melhor continuar em outro post de filmes.

 

SWEENEY TODD

Quem não gosta de musicais costuma ser intolerante mesmo quando os atores cantam só um pouquinho. Basta um personagem responder a uma pergunta cantando pro odiador de musicais imediatamente resmungar “ai, não. pra que cantar? fala como uma pessoa normal, pelo amor de deus… ”

cantando e cortando gargantas

cantando e cortando gargantas

 

 

Bom, o filme mal começa e o Johnny Depp manda no gogó. Portanto, se você odeia musicais, vai achar um saco já de início. Eu nunca tinha visto nenhuma versão do Sweeeney Todd. Tem um filme chamado O Barbeiro de Londres, que passava na HBO, com parcialmente a mesma trama. Um barbeiro que se vinga de inimigos do passado utilizando suas ferramentas de trabalho. É uma história essencialmente sanguinolenta.

E nessa versão do musical de Stephen Sondheim, feita para o cinema pelo gótico  Tim Burton, o sangue espirra bem gosmento e abundante. Eu gosto bastante dos cenários e do figurino usado pelo Johnny Depp e a Helena Bonham Carter. É tudo preto, cinza, marrom e vermelho. A história é curiosa e infame. No mínimo, faz a gente hesitar antes de comer tortas de carne…

Incrível que a música do Sondheim seja tão coerente com uma trama exagerada, sombria e  absurdamente violenta. Porque, ao mesmo tempo, dá pra sair  assoviando depois do filme como se fosse um tema romântico.

 

MAMMA MIA!

Fui adolescente nos anos 80. Ou seja, criança nos anos 70. Não tinha idade para curtir totalmente a época doAbba, Bee Gees, Elton John, essas coisas. Fui barrada no cinema tentando ver Grease, com John Travolta e Olivia Newton-John. Então, carrego uma certa nostalgia dessa década, mesmo não tendo vivido grandes coisas. E a música dessa época foi o que mais me marcou.

na abba dos anos 70

na abba dos anos 70

 

 

Por isso, Mamma Mia! desperta uma euforia indescritível. Não tem como ser indiferente aos hits do Abba e às paisagens de sonho da Grécia, onde a Meryl Streep (sempre impecável) vive uma mãe solteira, dona de uma pousada, que reencontra três ex-namorados (Pierce Brosnan, Stellan Skarsgård e Colin Firth – nenhum deles sabe cantar, mas pouco importa…). Um deles é o pai de sua filha (Amanda Seyfried). E é ela quem convida os três a visitarem a ilha onde mora com a mãe, para descobrir quem é seu pai. A mãe nem desconfia da confusão que a filha armou.

Mulheres com uns 5 a 10 anos a mais que eu, então, surtam. Embora o filme seja muito mulherzinha, tinha um bom número de cavalheiros na platéia do cinema Roxy, que cantava junto, ria às gargalhadas e batia palmas ao som de Dancing Queen, Gimme Gimme Gimme (A man after midnight) – aquela que a Madonna sampleou -, Mamma Mia e muitas outras.

 

 

ARQUIVO X 2

Vem baixando bastante o preço da caixa com todos os episódios de Arquivo X. Já está custando em média 500 pratas o big box com as 9 temporadas. Quem gosta e tem condições de arcar com uma mensalidade de R$ 41, já pode parcelar em 12 vezes. Enfim… é o preço de uma blusa. Mas é claro que, com paciência, dá pra baixar tudo via torrent. Também é uma opção.

eu prefiro não acreditar

eu prefiro não acreditar

 

 

Escrevo isso, porque estou aos poucos me animando a cometer esse “cartãodecreditocído”. E porque quem gosta mesmo, tem mais é que rever e se agarrar aos bons momentos dos agentes Fox Mulder e Dana Scully.

O primeiro longa-metragem do Arquivo X é muito bom. Estreou quando a série estava em seus melhores momentos e o filme está a altura dos melhores episódios.

Quanto a esse Arquivo X 2… Com mil ETs verde-folha! Deviam chamar de  The X-Files – I Don’t Want to Belive. Se os atores, diretor e produtores gostam da série, porque trataram o filme desse jeito? 

Me parecia coerente, num ano com tantas produções de ficção e fantasia, superheróis e tal, que resgatassem o Arquivo X. O Chris Carter parece até que tinha sido abduzido. Nunca mais fez nada. Então fiquei animada com todo o revival. E o filme vinha sendo promovido largamente na Internet muitos meses antes de chegar nas telas. Eu fiquei numa curiosidade de saber que destino o Carter tinha arrumado para a Scully e o Mulder, mas acabei preferindo não saber. Casal amargo e entediante. Os atores estão num clima tipo “eu não queria estar aqui fazendo isso.” Até o chefe careca (Skinner) volta e parece envergonhado com tudo.

Como diz o subtítulo, o tema do filme não é sobre “A verdade está lá fora”, mas sobre “Eu quero acreditar”. Não é sobre ETs, mas sobre acreditar ou não no improvável e inesperado. É mais uma situação que confronta as convicções do Mulder e da Scully.  Dilemas sobre paranormalidade e limites da ciência. É uma trama que cabe perfeitamente em um episódio qualquer da série. Mas apesar do mistério, do clima bizarro e sombrio que é bem do espírito Arquivo X, não houve esforço para criar uma desculpa realmente boa para trazer os personagens de volta.  Às vezes até esqueço que vi o filme, ou confundo com algum episódio do Bones, CSI ou Eleventh Hour. Acabou resultando num dos  episódios mais desprezíveis da série. Simplesmente porque foi feito com evidente desprezo.

 

 

STAR WARS THE CLONE WARS 

É bobinho e parece mais videogame do que animação. Mas é divertido esse Star Wars The Clone Wars. Soube que é um aperitivo da série de TV que será produzida para passar no Cartoon Network, então, não inspirava grandes pretenções cinematográficas.

mitologia segue em 3D

mitologia segue em 3D

 

 

Se passa na fase entre os episódios II e III, quando ocorrem as Guerras Clônicas. Essa fase tem sido explorada pelos filmes de animação, livros e histórias em quadrinho.

Foi divulgado depois do último filme (A Vingança dos Sith), que serão feitos vários desenhos em 3D para contar o que aconteceu entre os filmes. E, talvez, até o que acontece após episódio VI.  Técnicas tipo a do Bewulf seriam utilizadas nos filmes e possivelmente em séries para TV.

Como boa fã original que assistiu na semana de estréia ao primeiro filme em 1977 no cine Leblon 1, mantenho a fé no universo Star Wars. Acho que houve grandes contribuições nos filmes da leva nova (episódios 1 a 3). O terceiro é o melhor deles (foi um presente do George Lucas para os fãs mais velhos… tipo eu… hehehe, que até chorei no final com o tema do Skywalker quando o Luke chega ainda bebê nos braços do Obi-Wan Kenobi e é entregue ao tio em Tantooine). Mas os filmes velhos continuam sendo os melhores. O primeiro filme, episódio 4 Star Wars – A New Hope, foi o divisor de águas na história do cinema  e contaminou o imaginário de toda uma geração. Eu costumo dizer que sou o que sou por causa de coisas tipo Star Wars. O terceiro (O Retorno de Jedi) tem momentos fantásticos como o resgate do Han Solo nos domínios do Jabba The Hutt, a perseguição na floresta com aquelas motocicletas high tech, o duelo Vader-Luke-Imperador. Só é bobo e piegas no final, mas… tudo bem. Agora o melhor de todos os tempos até hoje é O Império Contra-Ataca. Não tem pra ninguém. O roteiro é redondo, sem pieguice, tem ação, beijo na boca e final aberto (que diabos acontecerá com Han Solo?), com requintes de novela da Janete Clair (Luke, eu sou seu pai!). Quem saiu do saudoso cine Rian, na avenida Atlântica, numa tarde de sábado de 1980, não acreditou no que viu. E esperou mais três anos para saber o que acontecia depois. É, meu jovem leitor… Não havia Internet nem nada que ajudasse a minimizar a angústia dos nerds daqueles tempos.

Que a força esteja sempre conosco. Mesmo em desenhos 3D na televisão.

 

 

KUNG FU PANDA

jack black é a voz do irado panda po

jack black é a voz do irado panda po

Agora vamos ao filme de animação mais divertido do ano. Infelizmente, só assisti em DVD. Mas vi duas vezes. O engraçadíssimo Jack Black faz a voz do Panda Po, que adora kung fu e faz macarrão no restaurante de seu pai (que é tipo um ganso, sei lá).

Po tem muita imaginação, mas não esperava se tornar mestre das artes marciais e entrar em combater ao lado de seus ídolos. Eles são uma tigresa (Angelina Jolie), um louva-deus, uma serpente (Lucy Liu), uma garça, um macaco (Jackie Chan) e o treinador de todos, mestre Sifu (Dustin Hoffman).

 

E eu adoro o ancião que é uma tartaruga chamado Oogway. Ele é super zen e é quem descobre que o Po seria o herói salvador da aldeia ameaçada por um leopardo ex-pupilo do mestre Sifu. As sequências sob o Pessegueiro Sagrado da Sabedoria Celestial são lindas.

 

mestre oogway e o pessegueiro sagrado

mestre oogway e o pessegueiro sagrado

Pô, só vendo…

 

E tem a música do Carl Douglas (acho que o Jack Black  canta com ele no filme) Kung Fu Fighting. Um hit dos anos 70, quando os adolescentes cariocas ligavam para a Mundial AM tocar a música. É… houve um tempo pré-FM no rádio…

 

Oh-oh-oh-ohhhhhhhh (x4)

Everybody was Kung Fu fighting, those cats were fast as lightning

In fact it was a little bit frightening, but they fought with expert timing

There were funky China men from funky Chinatown

They were trapping bend up, they were trapping bend down

It’s an ancient Chinese art, and everybody knew their part

For my friend, ain’t you a stiff, then I’m kickin’ from the hip

Everybody was Kung Fu fighting, those kids were fast as lightning

In fact it was a little bit frightening, but they fought with expert timing

There was funky Billy Jim and little Sammy John He said, here comes the big boss, let’s get it on

He took the bow and made a stand, started swaying with the hand

A sudden motion made me stiff, now we’re into a brandnew trip

Everybody was Kung Fu fighting, those kids were fast as lightning

In fact it was a little bit frightening, but they did it with expert timing

Everybody was Kung Fu fighting, those kids were fast as lightning

In fact it was a little bit frightening, make sure you have expert timing

Kung Fu fighting, had to be fast as lightning…

      

      

 

 

Próximos…

BEWULF

CRÔNICAS DE NÁRNIA – PRÍNCIPE CASPIAN

HELLBOY 2: THE GOLDEN ARMY

CASSANDRA’S DREAM

CONVERSAS COM MEU JARDINEIRO

ATONEMENT (DESEJO E REPARAÇÃO) : A propósito da honestidade e da realidade

THERE WILL BE BLOOD (SANGUE NEGRO)

O CLUBE DE LEITURA DE JANE AUSTEN

BECOMING JANE

MARGOT AT THE WEDDING

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA

 

 

Repescagens….

Esses são anteriores, mas só consegui ver em 2008

SURF’S UP (TÁ DANDO ONDA)

ZODIACO

A PELE, BIOGRAFIA IMAGINÁRIA DE DIANE ARBUS

ACROSS THE UNIVERSE

TRILOGIA JASON BOURNE 

APOCALYPTO

 

Lacunas …

Esses ainda não consegui ver. Ficaram para 2009, quem sabe?

ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ

A CULPA É DO FIDEL

PERSÉPOLIS

I’M NOT THERE

AGENTE 86

ANTES DE PARTIR

DAN IN REAL LIFE (A NAMORADA DO MEU IRMÃO?)

THE HAPPENING (M. NIGHT SHYAMALAN)

MADAGASCAR 2

HORTON E O MUNDO DOS QUEM

ROLLING STONES – SHINE A LIGHT

FAVOR REBOBINAR

BODY OF LIES (RIDDLEY SCOTT)