Klaatu caiu no papo da humanidade…

E a humanidade estava nos olhos azuis molhados de Jennifer Connely.

“- Please… Give us a chance! Snif! Snif”  

O Dia em que a Terra parou

O Dia em que a Terra parou

Pô, Klaatu! Tu caiu nessa???

Mas, escuta uma coisa. Tem lugar numa dessas esferas  transportadoras para a gente embarcar junto com as plantas e os insetos?

Sei lá, fugir das ruas em que não podemos mais andar, a não ser com medo do chão se abrir, da marquise despencar ou do ser humano que fumou crack nos bater ou nos matar para roubar nosso celular.

Fugir do calor. Do homo sapiens que joga lixo da janela do carro.

vai um bonde ai?

a esfera: vai um bonde aí?

Só dar de ombros e fugir na esfera viajante.

No dia em que a Terra parar, é melhor dar sinal e descer.

Que mais…

O penteado da Kathy Bates (adoro ela) é inacreditável. Ela deve ter pedido para fazerem aquele troço na cabeça  para manter o distanciamento crítico de viver uma secretária nacional de segurança que recebe o ET Keanu Reeves (ele fica bem nesses papéis…).

Em 2008 – parte 4 – livros

Encerrando esse longo adeus a 2008…

Gosto de ficar parada olhando pros meus livros… São meus amigos imaginários. Acho que sou meus livros.

os livros me olham desconfiados da estante

os livros me olham desconfiados da estante

Numa daquelas descoberta casuais que a Internet nos proporciona, me surpreendi com esse ótimo blog do projeto Portaberta. Veja esse post com o poema O homem que foi soterrado pela biblioteca, de Fábio San Juan.

Tenho uma compulsão quase incontrolável por livros. Passar na porta da Saraiva ou da Livraria da Travessa é um perigo pra mim. O que acontece? Compro os livros como uma garantia de alimentação literária até a morte. Não dou conta de ler tudo o que compro e o que me emprestam. É uma vergonha. Já fiz até uma prateleira só dos livros interrompidos e outras dos que continuam aguardando na fila. Daí, mudo de apartamento, arrumo as estantes de qualquer jeito e misturo os lidos, meio lidos e nada lidos.

Em 2008 não li nada que estava na parada arrepiante de sucessos da veja. Não. Eu não li os livros dos vampiros da Stephanie Meyers, nem o novo do autor do Caçador de Pipas. Nada contra. Mas não sei dizer porque ou como escolho essas leituras. Tem a ver com os autores, que são os meus favoritos. Não tive muito tempo para ler o quanto gostaria, pois foi um ano de estudos em função de uma pós-graduação, então, tive que dar preferência às leituras que não entram nos assuntos do blog.

Mas até que foi produtivo.

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Tracy Chevalier: O Azul da Virgem e A Dama e O Unicórnio

Você pode nunca ter ouvido falar da autora, mas talvez conheça o filme “Moça com brinco de pérola“, baseado no livro homônimo, que tornou Chevalier conhecida em todo o mundo.

O filme é muito bonito e realmente transmite o clima do livro. A Scarlett Johansson me parece uma Griet perfeita. A atriz que faz a Tanneke é a própria The Milkmaid (meu quadro favorito de Jan Vermeer). Tem cenas filmadas em Delft, onde Vermeer viveu. Até a estrela no chão da Praça do Mercado, onde Griet dá voltas, perdida em suas indecisões, está lá, meio desbotada, no filme.  Mas é no livro que a autora garante uma viagem extraordinária pelas sedas, pérolas, luzes e cores do imaginário de Vermeer (aliás, li aqui que se pronuncia “férmir”), e pelas sensações e transformações de uma jovem protestante holandesa, que trabalha como empregada na casa do artista, e se torna irremediavelmente presa dos mistérios da arte e das intrigas da família.

Tracy Chevalier nasceu nos Estados Unidos e vive na Inglaterra. Ela cria histórias sobre mulheres, que, geralmente, vivem em épocas passadas. Tracy possui um texto esplêndido, além de caprichar no que diz respeito à pesquisa e reconstituição de época.

O AZUL DA VIRGEM

O Azul da Virgem, de Tracy Chevalier

O Azul da Virgem, de Tracy Chevalier

Esse é o primeiro livro da Tracy. É sobre duas mulheres em tempos diferentes, que o leitor percebe aos poucos serem descendentes uma da outra.

A ruiva Isabelle du Moulin vive no século 16, na França. Sua família torna-se protestante e muda-se para a Suíça. Mas a força ancestral da Virgem ainda assombra o coração da jovem huguenote. E nos anos 90 vive a parteira americana Ella Turner, que muda-se para a França, onde o marido acaba de aceitar um emprego. Investigando as origens de sua família (os Turner ou Tournier) pelo interior da França, Ella vai aos poucos se aproximando da vida da antepassada Isabelle.

Ao alternar os capítulos entre Isabelle e Ella, Tracy coloca o leitor como o observador de um labirinto, em que as personagens caminham de entradas (e tempos) diferentes, atraídas para um mesmo ponto obscuro. Tracy desde o início já manda bem. É uma leitura vertiginosa. Daquelas para um feriado chuvoso de 3 dias, em que você não consegue parar de virar as páginas.

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A DAMA E O UNICÓRNIO

Agora Tracy volta a falar de obras de arte e inventa uma história maravilhosa em torno do famoso conjunto de tapeçarias do final do século 15, que hoje encontra-se exposto no Museu da Idade Média, em Paris.  O pintor miniaturista e mulherengo Nicolas des Innocents recebe uma encomenda para a qual cria o motivo da Dama e o Unicórnio. Mas acaba sendo obrigado por seu cliente, Mr. Jean Le Viste, a partir de sua querida Paris rumo a Bruxelas, onde irá acompanhar a confecção da série de tapeçarias com o tema que criou.

A Dama e o Unicórnio, de Tracy Chevalier

A Dama e o Unicórnio, de Tracy Chevalier

E o romance segue com a trajetória e as motivações do artista, bem como as mulheres que o inspiraram. Há descrições detalhadíssimas das técnicas de tecelagem da época. Dos millefleurs. Confesso que às vezes me perdia tentando entender exatamente como os tecelões do século 15 manipulavam aqueles teares pesados e complicados, com suas manivelas, urdiduras, liças, cilindros etc. Sem falar na preparação dos fios e na dificuldade de obter a cor exata com os processos de tintura. Enfim… era um trabalho hercúleo, demorado e que quase esgotava física e financeiramente os artesãos.

Tracy cria uma trama envolvente e uma série de personagens apaixonantes. E, claro, desperta no leitor uma tremenda curiosidade de ver as tapeçarias de perto e imaginar essa e outras histórias para as pessoas que as criaram.

A Dama e o Unicórnio é o quarto livro da autora, posterior ao Moça com Brinco de Pérola. Ainda falta ler Anjos Caídos (2001) e Burning Bright (2007).

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Michael Crichton: Linha do Tempo

E o homem se foi. Mal tinha acabado de ler esse romance sobre viagem no tempo, física quântica, idade média e tal, quando soube que Michael Crichton tinha morrido vítima de câncer. Achei uma pena, pois fiquei muito interessada na obra dele e imaginava quantas idéias legais ainda iria abordar em novos livros.

o cientista da ficção

Michael Crichton: o cientista da ficção

Na semana em que partiu, foi exibido um episódio do seriado E.R. com uma introdução especial em que o ator Eric La Salle (o dr. Peter) fez uma homenagem super bonita ao Crichton. Ele foi o idealizador da série, que tomava emprestado um pouco da experiência do escritor quando foi médico da emergência de um hospital de Chicago. Aliás, sempre achei que aquele personagem do E.R., Dr. Carter, é meio que um alterego do Crichton. A história é em Chicago e ambos foram estagiários e residentes do setor de emergência. Ambos conheceram a África. Só que Michael Crichton, antes de estudar e fazer residência em medicina, era um antropólogo. Suas viagens à África, que inspiraram livros como Congo (que não li), ocorreram em função da Antropologia. Esse background do autor me interessou muito. Mais do que o sucesso de Jurassic Park.

Passei alguns anos na vontade de ler esse Linha do Tempo e o Devoradores de Mortos. Esse último, foi o que inspirou o filme O 130 Guerreiro, com o Antonio Banderas. Na verdade, o livro não é exatamente uma obra de ficção, mas sim o resultado de uma pesquisa de Crichton sobre um manuscrito de um sujeito do mundo árabe da idade média, que realmente existiu e registrou suas impressões de uma viagem pelas terras dos Vikings. São muito bacanas, tanto o livro quanto o filme.

Mas vamos ao Linha do Tempo. Conheci primeiramente o filme, que achei fraco e bobo. Aproveita muito pobremente um ótimo argumento sobre viagens no tempo. A presença de Gerard Butler dá até uma florida na parada, mas o Marek que ele interpreta é muito fraquinho em comparação com o do livro.

Pois bem. Nesse romance, o Crichton coloca em questão as possibilidades de viagem no tempo, respaldadas, se posso dizer assim, pela física quântica. Não vou entrar em detalhes sobre esse assunto, até porque, mesmo com as tentativas de explicar, da forma mais didática possível, os fenômenos de deslocamento no tempo-espaço (o autor até desenha, literalmente), fiquei de cuca fundida total. Deixa pra lá a parte científica da ficção….

Caindo de pára-quedas no meio da Guerra de Cem Anos

Caindo de pára-quedas no meio da Guerra de Cem Anos

Os personagens principais do livro são cientistas, técnicos e pesquisadores de diversas formações. Uma equipe multidisciplinar, que inclui antropólogos, geólogos, botânicos, físicos e até um especialista em armas e combates na idade média, que fala inglês e francês antigos, occitano e outras línguas obscuras. Esse é o sensacional Marek. Que ainda é pegador e se dá bem nas aventuras…

Bom… Aí, esse povo todo está trabalhando para uma super corporação de tecnologia chamada TechGate, liderada por um empresário visionário chamado Robert Doninger, que, pela descrição de Crichton, é uma espécie de Bill Gates menos famoso, mas muito mais ambicioso e sem escrúpulos. A equipe atua para Doninger num projeto secreto que pretende viabilizar viagens no tempo como a nova fronteira da ciência, turismo e entretenimento. Os funcionários trabalham na escavação de um sítio arqueológico, onde no século 14 (um dos meus favoritos!!!) deu lugar a uma batalha sangrenta em meio à Guerra dos Cem Anos. O piloto do  “projeto” pretende levar as pessoas a um “passeio” por esse cenário histórico, de onde retornariam ilesas depois de viverem fortes emoções.

Tudo na teoria é bonito, mas você já pode imaginar que, na prática, ninguém voltaria totalmente ileso e as “emoções” de cair no meio do século 14, sem saber cavalgar ou usar espada e escudo, estão mais para uma roubada, mesmo. E os nossos heróis cientistas se metem nessa enrascada para salvar um dos membros da equipe que não conseguiu voltar ao século 20,  e vivem extraordinárias aventuras.

Mas além da viagem no tempo, tem vários detalhes interessantes no livro, com relação aos personagens e suas áreas de conhecimento. Tem uma arquiteta e historiadora, que explica para um bando de turistas como funcionava a fundação das cidades na idade média.  Os donos de terras no período medieval construíram muitas das cidades, que hoje achamos que se originaram da ocupação espontânea de um terreno próximo a um rio ou do mar. Mas esses senhores mandavam construir as cidades, às vezes, do nada, para depois explorar os habitantes com impostos, licenças etc.  Enfim… Não imaginava que a especulação imobiliária funcionasse nesses termos ardilosos há tanto tempo.

Último comentário nesse tópico que está longo até para um post individual…. E o tal congressista que construiu um castelo medieval enorme numa área rural de Minas? Inacreditável. Preciso de uma máquina de viajar no tempo. Quero saltar para antes da Revolução Francesa, porque nada mudou mesmo. Continuamos sustentando uma classe de aproveitadores. A diferença é que agora somos nós que escolhemos quem vai nos explorar.

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======  TEXTOS ATUALIZADOS EM 20/02/2010 ==================

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Neil Gaiman: Coisas Frágeis

Narrativas fortes

Narrativas fortes

Demorou mas lançaram no Brasil essa recente coletânea do criador de Sandman.

Destaque para o conto “O Monarca do Vale”, onde Gaiman resgata o personagem Shadow, de seu romance Deuses Americanos. Outro curioso é “O Problema de Susan”, em que o autor tenta exorcizar sua frustração com o destino de Susan em As Crônicas de Nárnia.

São 9 contos maravilhosos.

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Sandman: A Jornada dos Sonhos Completa

Houve uma lacuna gigantesca na minha leitura dos 10 volumes do Sandman. Lá pelo inicio dos anos 90 parei no meio do arco Estação das Brumas. Muitas areias do tempo depois, começou a ser lançada a série completa em volumes luxuosos de capa dura e papel couchê. Daí, tirei o atraso da experiência onírica. Quando terminei o décimo volume, Despertar, resolvi voltar ao início mais uma vez e reler todos os arcos do mestre Morpheus.

Neil Gaiman é fodaralhaço. E… sei lá…. Sandman não é só uma das melhores realizações das histórias em quadrinho. É um tesouro de imaginação artística.

Como não sonhar com a possibilidade de novas histórias do Sonhos e os outros Perpétuos? Teve aquele belo “Noites sem fim”, com novas histórias do Sandman e seus irmãos desenhadas por mestres como Milo Manara, Moebius,  Bill Sienkenvicz e outras feras. Mas ainda é pouco…

Casa de Bonecas, Prelúdios e Noturnos, Estação das Brumas e Um Jogo de Você podem ser meus volumes favoritos… Talvez… Mas a verdade é que tudo é bom. E ainda tem o livro com as histórias da irmã Morte.

Os irmãos Sonho e Morte

Sem falar nas capas do Dave Mckean e no trabalho dos diversos artistas que conceberam visualmente os personagens e ilustraram as histórias.

Sandman por Dave McKean

Sandman por Dave McKean

Acho que a sequencia que mais me marcou de todas as histórias foi a da despedida de Sandman, quando sai do inferno, depois de recuperar seu elmo num combate com um dos demônios de Lúcifer. O senhor do Inferno pergunta porque ele acha que poderá sair livremente de seus domínios. E o Lord Morpheus responde algo como “-Porque eu sou o Sonho. E o que seria dos habitantes do Inferno se não pudessem sonhar com o Céu.”

‘Stars shining bright above you.
Night breezes seem to whisper I love you.
Birds singing in a sycamore tree.
Dream a little dream of me.’

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Mais Gaiman em Violent Cases, Mistérios Divinos e Dias da Meia-Noite

Na gana irracional de ler tudo do autor, comecei a limpar o tacho com esses três, que consegui encontrar em edições locais.

Mas ainda falta Mr. Punch, Signal to Noise, The Day I Swept My Dad for Two Goldfish, Livros da Magia, The Graveyard Book e sei lá mais o que.

Casos Violentos de Gaiman e McKean

Casos Violentos de Gaiman e McKean

Violent Cases

Bela edição pela HQM Editora da graphic novel de 1987. Um dos primeiros trabalhos do Gaiman com a arte do fabuloso e maluco Dave McKeanMe lembrou o Electra Assassina do Frank Miller e Bill Sienkiewicz, lançado naquele época e que tem uma narrativa totalmente fragmentada e meio alucinada.
Gaiman tem uma identidade de escritor de terror e mistério. Violent Cases é um exemplo clássico e, dizem, revolucionário do gênero HQ.
Pouco tempo depois, os dois produzem a Orquídea Negra, uma das criações mais arrebatadoras da dupla.
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anjos e assassinato

anjos e assassinato

Mistérios Divinos

Tenho um fascínio pela figura do anjo caído. Difícil explicar, mas não se trata de uma adoração exotérica tipo anjos da guarda, Monica Buonfiglio (nada contra e nunca li seus livro) etc. Acho que é mais pela contradição meio humana dos anjos. Talvez o Wim Wenders tenha contribuído para essa minha noção dispersa e vaporosa feito nuvem. Pensei em tatuar um dos anjos caídos que o Gustave Doré criou para ilustrar o Paraíso Perdido, de John Milton. Mas é difícil escolher a imagem que retrata esse conceito quebrado da minha cabeça.
Lúcifer é o demo, né? Mas por muito tempo ele foi um anjo belo e admirado na cidade de prata, onde outros anjos viviam e auxiliavam Deus na criação do universo. Mistérios Divinos é originalmente um conto de Gaiman (se não me engano, faz parte da coletânea Fumaça e Espelhos) com uma trama meio policial sobre anjos, amor, assassinato e muitas emoções mais antigas que a humanidade. O artista P. Craig Russel adaptou e ilustrou o conto no formato HQ.
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3 historias raras

3 historias raras

Dias da Meia-Noite

Essa coleção é muito especial, pois reúne três personagens consagrados das histórias em quadrinho.
Em Sandman Teatro da Meia-Noite, o herói original da era de ouro dos HQs, Wesley Dodds, encontra o novo Mestre dos Sonhos concebido por Gaiman.
Jack in The Green conta com oMonstro do Pântano, que o autor já havia trazido para seu universo na série Orquídea Negra. Muito bom rever o grandalhão verde. Gosto muito da série que o Alan Moore escreveu com o personagem.
E ainda tem Me Abraça, com o incrível John Constantine, sempre envolvido numa história em alguma medida bizarra e arrepiante.
Os textos são de Neil Gaiman e Matt Wagner. E as ilustrações, deDave MacKean, John Totleben, Teddy Kristiansen e Steve Bissette.
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Marvels e Authority

Meu amigo nerd Bernardo é uma espécie de consultor para assuntos Marvel/DC. Ele me recomendou esses dois HQs de que gostei imensamente.

MARVELS, de Kurt Busiek e Alex Ross
A visão dos não heróis

A visão dos não heróis

Nesses tempos de banalização da fama e da auto-afirmação de todo e qualquer ser humano, uma história contada do ponto de vista de quem não é herói é muito intrigante. Essa série em 4 volumes propõe justamente isso.

Já pensou achar os super-heróis um saco. Um bando de marrentos e pretenciosos? Ou interpretar os fatos de forma que parece que o encapuzado não fez nada, apesar de ter salvado a humanidade. Pode acontecer com qualquer um, inclusive com um herói. O circo da fama X anonimato e do heroísmo X mera mortalidade é bem cruel. Pobres maravilhas incompreendidas.
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AUTHORITY – SEM PERDÃO, de Warren Ellis e Bryan Hitch
heróis de novos tempos

heróis de novos tempos

Novas idéias oxigenam o mundo dos HQs como essa série onde os super-heróis partem mesmo para a ignorância e realizam o que qualquer mortal gostaria de fazer para resolver problemas, conseguir justiça e combater ameaças. Tudo num contexto do planeta globalizado (defender o mundo e não só o american way) e onde o comportamento politicamente correto é defendido e ignorado ao mesmo tempo.

É um time de heróis bem ousado esse Authority. Formado pela inglesa durona e fumante Jenny Sparks (a tal Espírito do Século 20), Jack Hawksmoor, Doutor Swift, a Engenheira e o que talvez seja o primeiro casal de super-heróis assumidamente gay: Apolo e Meia-Noite. Tem outros volumes como o Authority – Sob Nova Direção, que lerei e comentarei oportunamente.

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Edward Rutherfurd: Os Príncipes da Irlanda (Dublin Foundation)

A História da Ilha Esmeralda

A História da Ilha Esmeralda

Esse aí eu levei quase 2 anos para ler, mas consegui terminar antes do estouro dos fogos de 31/12 (2008).

Desse autor, Edward Rutherfurd, já tinha lido Londres, o romance, em que narra 2.000 anos da história da capital inglesa desde sua formação geológica até a década de 90. Cada capítulo detém-se num determinado período histórico, formando um fio condutor da história da própria Inglaterra. Passamos pela época da formação da aldeia celta de pescadores à beira do rio Tâmisa, os tempos de província romana, a chegada dos saxões, depois os vikings, o domínio dos normandos plantagenetas, a dinastia Tudor de Henrique VIII e Elizabeth, a Revolução Gloriosa, a Restauração, o louco rei George do século XVIII, a cultura cockney do tempo de Dickens, a formação das classes operárias da era vitoriana e por aí vai, até o governo de John Major (se não me engano).
Em um outro romance, Rutherfurd segue o mesmo modelo para contar 1000 anos de história de New Forrest. Este eu ainda não li. Está na prateleira-fila de espera. Mas o autor também manteve a receita em Os Príncipes da Irlanda, primeiro volume da obra A Saga de Dublin. No prólogo, chamado Sol Esmeralda, o autor vaga pelas origens míticas daquela terra cheia de lendas de reis gigantes. Depois, prossegue com a cultura celta medieval com seus guerreiros e druídas e avança pelos séculos até chegar ao ano de 1533, quando começam os problemas entre católicos e protestantes, que até hoje não se resolveu.
Outra marca do autor é a linha genealógica dos personagens. Um mercador retratado no século 15 pode ser descendente de algum druída do capítulo do século 5, ou de um imigrante viking do século 10. Sempre herdam um traço genético ou a corruptela do nome de seus antepassados. Um sujeito chamado MacGowan descende de um tal de MacGoignenn, e este de outro Goibnu. Todos separados por alguns séculos de histórias e acontecimentos extraordinários.
A Irlanda tem uma onda muito diferente da Inglaterra. Embora a influência escandinava seja forte, a primeira não foi invadida pelos anglos e saxões, e conseguiu manter sua raiz celta, marcada pelo idioma gaélico (semelhante aos dos escoceses e galeses) e por um certo sincretismo entre as crenças antigas e o cristianismo. Num capítulo sobre um homem que se torna monge, descendente de outro que se tornou druída, vemos como os dois mundos espirituais conseguiram se abraçar. A introspecção e contemplação da natureza nutridas pelos druídas encontrou eco na vida reclusa e de orações dos monges cristãos. Nesse episódio, faz-se menção ao lendário livro de Kells, um tesouro da cultura celta.
Cada capítulo com seu grupo de personagens deixa saudade quando termina. É um traço da obra de Rutherfurd, que é inglês, porém elegeu Dublin para viver há mais de dez anos. Seus livros sempre trazem mapas e a árvore genealógica dos personagens. A Saga de Dublin continua com o segundo volume The Rebels of Ireland (ou Ireland Awakening no mercado europeu), que ainda não foi lançado no Brasil. No site oficial do escritor ele divulga seu novo romance intitulado New York. Mais uma vez ele viaja pela história de uma cidade, recriando a Manhattan dos índios algonquins, os acentamentos de holandeses, depois os ingleses, até chegar ao século da tragédia do 11/9. Já estou morta de vontade de ler!
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J.K. Rowling: Os Contos do Bardo Beedle

Contos de Bruxos

Contos de Bruxos

Já escrevi que Harry Potter é uma cachaça. E a autor, J. K. Rowling, ofereceu mais essa pequenina dose.

Parecem contos de fadas, mas são contos de bruxos cheios de boas lições, que a Hermione lê sem parar em Harry Potter e as Relíquias da Morte. Cada história tem comentários do Professor Dumbledore. The Warlock’s Hairy Heart é o meu preferido. Bom para trouxas felizes!

Em 2008 – parte 3 – filmes – the end

 

BEOWULF

Beowulf - lenda em 3D

Beowulf - lenda em 3D

Já faz um ano que esse entrou em cartaz nos cinemas daqui. Ontem estreou na HBO.  Na época da estréia, eu estava um pouco desconfiada de um filme feito nessa técnica de computação gráfica modelada nos corpos dos atores, se posso definir assim. Mas, juntando a lenda, que é muito interessante, os atores e o Neil Gaiman (roteirista), não dava pra resistir.

E acabei achando muito acertada a opção por essa técnica. Podia ser mais um filme com fotografia estilizada, com efeito meio onírico, tipo O Senhor dos Anéis. Mas os realizadores escolheram dar um passo adiante nessa técnica de animação, e acabaram criando uma impressionante dramatização da lenda com tudo o que ela merece em termos de qualidade artística.

O filme é dirigido pelo Robert Zemeckis (De Volta para o Futuro e Forrest Gump). O que para mim também era estranho. Mas depois lembrei que ele fez aquele Expresso Polar, que também emprega a mesma técnica. E já está preparando outro (A Christmas Carol) para o natal deste ano.

E o que essa técnica oferece de bom? Para começar, como se trata de um tema de fantasia de reis, heróis, dragões e tesouros, já permite uma viagem na empada sem limites para os realizadores. E podem se apoiar na expressão autêntica dos atores (Anthony Hopkins, Angelina Jolie, John Malkovich e outros) para garantir um tanto mais de realismo e emoção.

Beowulf cai no charme da sereia dragão angeli

Beowulf cai no charme da sereia dragão angeli

 

Lembro como fiquei impressionada com o primeiro Final Fantasy, em que tinha uma equipe gigante só para criar o movimento dos cabelos do personagens. Nesse filme, a técnica era de animação 3D pura, sem captar imagem de atores. E já representava um grande avanço nos movimentos, expressão facial, textura dos cabelos e pele.

Mas, voltando ao Beowulf, gosto demais da iara-dragão da Angelina Jolie. Adoro as canções obcenas que perturbam Grendel, o terrível monstro do ouvido absoluto, vivido por Crispin Glover, que também é impressionante. E o que dizer da mágica que transforma o Ray Winstone em Beowulf? A voz é perfeita para o guerreiro lendário. Mas o corpitcho, com certeza foi modelado em alguém tipo o Sean Bean em seus melhores anos… Acho que foi isso que fizeram, mas não contaram nada para o Ray. He-he-he-he!

 

AS CRÔNICAS DE NÁRNIA – PRÍNCIPE CASPIAN

Eu gostei mais do outro. Aquele do guada-roupa, feiticeira, blablabla. Acho que pela fofice comovente da Lucy, que no outro filme está mais crescidinha. E por resgatar uma lembrança muito frágil da infância. Vi alguma versão para TV, talvez a da BBC ou algum desenho animado que passou na Globo ou SBT. Só me veio esse estalo na cena do Leão sacrificado na mesa de pedra. E depois, quando os quatro irmãos estão crescidos e reencontram o caminho do guardaroupa.

E principe Caspian é a cara do rodrigo santoro

E príncipe Caspian é a cara do rodrigo santoro

Eram alguns detalhes que compensavam a coisa bastante açucarada do primeiro filme. Esse novo é mais sombrio, triste e violento. Mas tudo isso não ajudou a fazer uma sequência melhor para a série. Não que seja de todo ruim. Diverte num sábado à tarde. Por outro lado, 2008 teve muitos filmes de fantasia e aventura concorrendo. O suficiente para embolar uma história na outra e um filme obscurecer o outro. 

Agora, um pouco depois de ver o filme, li o Coisas Frágeis, do Neil Gaiman, que dedicou um conto ao exorcismo de um problema que ele sempre teve com As Crônicas de Nárnia. É uma questão difícil, porque, não querendo desmercer o valor literário da obra de C. S. Lewis, até porque nunca li, fazer alegorias religiosas em histórias de fantasia pode ser um tiro no pé. Tem metáforas óbvias do cristianismo no filme. Como o Leão que se sacrifica, e ressussita, sendo testemunhado por duas irmãs (Marta e Maria ou Susan e Lucy).  Mas, sinceramente, não acho que isso tenha comprometido muito o filme.

Dizem que os colegas Lewis e Tolkien, ambos cristãos (o primeiro, anglicano e o outro católico), discordavam sobre envolver a religião em suas obras. Apesar de existirem autores que decifram signos cristãos em O Senhor dos Anéis, Tolkien parece evitar isso ao máximo. Acho que o único termo que remetia ao universo judaico-cristão-muçulmano ocorre em alguma passagem em que se refere a anjos. Mas pode ser viagem minha. E não sei se era em O Senhor dos Anéis ou no O Hobbit (ainda não li o Simarillion).

O que me encomoda é quando o autor usa esses conceitos e mata o efeito de transportar completamente o leitor para o outro universo. Com Tolkien, isso não acontece. E é um dos grandes méritos do SDA. No máximo, perturba um pouco a semelhança com textos do Antigo Testamento (fulano é filho de fulano que é filho de fulano X 1000). Mas até nisso ele se safa, porque as sagas escandinavas também usam esse recurso repetitivo, por ser uma tradição oral das histórias. E o fato dele manter o calendário da Terra Média com os meses de janeiro a dezembro também podia ser diferente. Podia ter inventado um calendário totalmente fictício e cortar mais ainda a conexão com o tempo presente. Mesmo assim, a Terra Média é um universo totalmente além da imaginação.

Mas o tal conto do Gaiman meio que tenta resgatar a personagem Susan de um karma triste e injusto. Papo de não ir pro céu porque pecou. Bom… eu tenho uma edição completa das Crônicas, que ainda não li, e emprestei para minha irmã adolescente. Ela destestou e me devolveu antes de terminar de ler. Estranhei porque ela pediu emprestado com tanta curiosidade e entusiasmo, mas se decepcionou totalmente. Falou que é muito cheio de conceitos cristãos, ao ponto de não ser divertido. 

Li em algum lugar que a Disney abriu mão dos direitos da obra, porque o desempenho nas telas foi fraco. E parece que ninguém está interessado em dar sequência à série. 

 

HELLBOY 2: THE GOLDEN ARMY

 

vermelho e bizarro como nunca

vermelho e bizarro como nunca

O diabão vermelho voltou. Que bom! Não consegui ver no cinema, porque saiu de cartaz em 2 semanas (!). Mais uma vítima da enxurrada de filmes de ficção fantástica de 2008. 

Ele voltou e com a acidez e esquisitice de sempre. Aliás esse Ron Perlman, que faz o Hellboy, é um dos exemplos mais incríveis de ator perfeito para o personagem. Lembra dele na Guerra do Fogo e em O Nome da Rosa? Ele podia gritar feito o Beowulf e o rei Leônidas: “I Am Hellboy!”

A trama te uma coisa meio role playing games. Segredos que vão despertar um exército dourado do passado. Traquitanas e armadilhas complicadas.

Tem sempre gosmas, maquiagens bizarras e tramas malucas. E eu gosto pra caramba.

 

 

CASSANDRA’S DREAM

crimes e castigos de woody allen

crimes e castigos de woody allen

 

 

Gosto dessa onda Crime e Castigo do Woody Allen. São filmes sérios. Sobre medo, ganância e assassinato.  

Dois irmãos aceitam entrar num esquema para tentar uma grana alta que vai resolver seus problemas e de um tio rico, porém encrencado.
A ambição e a culpa empurra os dois para um poço de pesadelo sem fim.
E ver Ewan McGreggor e Colin Farrell é sempre bom.

Eu “recomeindo”.

 

 

CONVERSAS COM MEU JARDINEIRO

o pintor e o jardineiro

o pintor e o jardineiro

Essa é uma daquelas histórias que nem sei como verbalizar os motivos porque gostei. É simples e profundamente belo. 

Daniel Auteil é um pintor que resolve voltar à casa de campo de sua infância e reencontra um velho amigo, que agora, trabalho como jardineiro.

As diferenças dos dois vão sendo vencidas por uma amizade regada pelas conversas no jardim. E suas vidas florescem e espelham o curso da natureza.

 

 

 

 

ATONEMENT (DESEJO E REPARAÇÃO) 

Escrever é um ato de transformação. Pode transformar intimamente quem escreve, mas também transfigurar a realidade à sua volta.

Em Desejo e Reparação, o som metálico da máquina de escrever quase se camufla na trilha sonora e serve de marcação das cenas em que a realidade da trama começa a se fragmentar no delírio de uma pequena escritora. Sua imaginação e seu forte desejo de encontrar um lugar no que acontece ao seu redor, empurram a personagem para o redemoinho do dilema entre culpa e honestidade.

A propósito da honestidade e da realidade

A propósito da honestidade e da realidade

O romance de Ian McEwan está na minha lista de pendências literárias. O filme do Joe Wright é um dos melhores do ano passado. Parecia um novo épico romântico passado na segunda grande guerra. Porém, é muito mais do que isso. Há uma forma de contar a história totalmente original e intrigante.

O diretor repete um exercício que adora: filmar um longo plano-sequência. Em seu filme anterior, Orgulho e Preconceito (acho que é por isso que o título original Atonement, que significa reparação ou expiação, virou Desejo e Reparação, como se fosse uma tendência do cineasta por títulos com 2 palavras…), Joe mostra a personagem Elizabeth Bennett (Keira Knightly, que também faz Atonement) passando em frente à casa da família e a câmara adentra a sala, passeia por vários cômodos, rodopia e reencontra Lizzie passando por outra porta. O efeito é muito bonito e retrata o clima bucólico da vida na Inglaterra campestre do final do século 18. 

Em Atonement, ele repete a dose numa sequência em que soldados ingleses se encontram numa praia onde aguardam resgate em meio a um teatro de barbaridades.  A câmara passeia em tomada ininterrupta por mutilados que gemem, loucos que gritam, bêbados que jogam e riem.

Mas todas  as situações delirantes ou não das belas imagens de Atonement se confundem, entram e saem continuamente da imaginação de uma personagem. É ela quem manipula a trama em seu contexto real e imaginário. É muito doido.

No mais, o filme tem atores ótimos, como a Keira Knightly, James McAvoy (gosto cada vez mais dele) e a lendária Vanessa Redgrave.

 

THERE WILL BE BLOOD (SANGUE NEGRO)

Esse  concorreu ao Oscar do ano passado e conquistou o de melhor ator para Daniel Day-Lewis. Não consegui ver no cinema (difícil dar conta de tudo em 2008…). 

day-lewis dá o sangue por plainview

day-lewis dá o sangue por plainview

O filme narra a saga de Daniel Plainview (Day-Lewis, cada vez mais raro nas tela, mas não menos extraordinário). Apesar do nome, Plainview tem uma visão bastante arrojada da vida e dos negócios e, após anos de ralação e trabalho braçal, ergue uma enorme corporação de exploração do petróleo. A ascensão de Plainview, sua conturbada relação com o filho adotivo e os conflitos com a comunidade onde explora o “sangue negro” são os principais elementos da trama de There will be blood (Sangue Negro). 

E puxa vida… que filmaço. Diferente de tudo que eu tinha imaginado. Econômico nos diálogos. Com saltos e cortes abruptos, que parecem querer puxar o expectador por uma janela de distanciamento crítico. 

O diretor Paul Thomas Anderson tem projetos bem diversificados no currículo como os filmes Boogie Nights e Magnólia, episódios de Saturday Night Live e comerciais de TV. Mas nesse There will be blood (Sangue Negro), Anderson cria algo realmente diferente para o cinema.

E a trilha sonora é outra surpresa, com tema orquetral de Jonny Greenwood (guitarrista do Radiohead) e obras de Brahms e Arvo Pärt.

 

O CLUBE DE LEITURA DE JANE AUSTEN

Fiquei meio decepcionada com esse, que aguardei sair nos cinemas, mas foi direto para DVD. Adoraria fazer parte de um clube de leitura de Jane Austen ou de leitura em geral. Mas não gostaria de formar clube com as personagens desse filme. Talvez com a Bernadette (Kathy Baker), que parece a única que gosta mesmo dos livros. O resto é um bando de chatas, que, apesar de estarem no século 21, têm vidas mais tediosas que as pobres heroínas de Austen.

não convidem Jane Austen para esse clube

não convidem Jane Austen para esse clube

Mesmo sendo uma fonte de inspiração para as tramas de confusão e desencontros amorosos, típicos das comédias românticas mais batidas, a obra de Jane Austen não foi bem aproveitada nesse filme. Pena… O argumento é parecia bom. 

A única coisa realmente legal foi descobrir a música do Paolo Nutini (“New Shoes”) que toca na abertura do filme.

Para quem gosta da autora, recomendo o blog Jane Austen em Português

 

 

BECOMING JANE

Outro que foi direto para o DVD e HBO ao mesmo tempo. Tem fãs de Jane Austen que não gostam dessa cinebio imaginária da escritora. Os créditos do filme afirmam se basear em cartas e outros escritos de Jane. Anne Hathaway (de O Diabo Veste Prada) interpreta a jovem Jane, que ainda não publicara seus romances, apresentando-os apenas para sua família.
Nasce uma escritora.

Nasce uma escritora.

Filha de um pároco do interior da Inglaterra, Jane não tem grandes perspectivas de casamanto. As poucas que tem, recusa por julgar que merece se casar por amor. Mas tem um romance proibido com um jovem advogado, Sr. Tom Lefroy (o meu novo queridinho James McAvoy). 

O tal Lefroy realmente existiu, mas seu romance ardente com Jane é uma opção fictícia do filme, que é bastante focado nesse aspecto da vida da autora de Orgulho e Preconceito.
Mas gostei do filme. Embora derrape historicamente, mostrando um comportamento íntimo dos casais muito pouco comedido para o século 18,o filme  retrata um cenário social bem no clima das obra de Jane. Todas as regras de comportamento, discurso moral e hipocrisia da sociedade inglesa observados por Austen de forma tão esmerada em seus livros, estão presentes na trama do filme. E heroínas como Elizabeth e Jane Bennet, Elinor e Marianne Dashwood ou Anne Elliot estão diluídas nas personalidades e nos destinos de Jane e sua irmã Cassandra Austen. 

No Brasil,  o filme ganhou o título ralo de Amor e Inocência (só pra ajudar a achar em DVD e na programação de TV).

 

MARGOT AT THE WEDDING

Desse só quero comentar que gosto muito dos atores Nicole Kidman, Jennifer Jason Leigh e Jack Black. Mas apesar deles, e da história ser diferente do usual, achei meio chato.

palavras em ação

palavras em ação

Nicole e Jennifer são duas irmãs com questões mal resolvidas. Nicole (Margot) vai ao casamento de Jennifer (Pauline) com Jack Black (que até em filmes sérios e densos é bom, sem deixar de ser engraçado). Os dias de véspera do casamento são um desenrolar de brigas, choros, reencontros dolorosos. Tudo muito centrado nos diálogos, embora as pessoas quebrem o pau se deslocando bastante, mudando de cenário (ora dentro de casa, ora caminhando num bosque ou dirigindo um carro), o que confere alguma ação ao filme.

É cheio de frustrações e problemas não resolvidos. Parece com a vida. E bem chato como ela muitas vezes é.

 

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA

Fecho com esse sensacional longa-metragem que só consegui ver em DVD. Na verdade, é um filme de 2007, mas, se não me engano, chegou ao Brasil no ano passado. Assisti depois de Ensaio sobre a Cegueira, com quem tem lá alguns laços simbólicos. Mas o Escafandro e a Borboleta é uma experiência bem diferente.

vida dentro do escafandro

vida dentro do escafandro

Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric, o vilão do último 007) é o poderoso editor da revista Elle, que sofre um derrame e perde os movimentos quase totais de seu corpo. Depende de aparelhos para manter seus pulmões, coração e outros órgãos funcionando, e se comunica com o piscar de um dos olhos, único movimento que consegue controlar.

Duas mulheres (lindas como anjos) ajudam Bauby  a dominar a linguagem do olho e a tentar recuperar o movimento da boca para talvez voltar a falar. E tudo é mostrado pelo olho de Bauby. A câmera fica “oculta” por trás de seu olho e acompanha toda a angústia e frustração do personagem. Ouvimos tudo que ele queria ter dito de verdade e que não transmitiu com as piscadas. Aliás, este é um método super complicado, em que seu interlocutor encadeia as letras do alfabeto na ordem em que estas são mais utilizadas na língua francesa. E, O, L, R, M (algo assim). E, conforme se diz a letra da palavra que quer formar, o paciente pisca indicando para parar naquela letra. Lentamente, as palavras vão se formando. Bauby e seus anjos avançam na liguagem do “pisca-letras” e o ex-editor, consegue um arremedo de vida para o corpo aprisionado.

E é isso que gostaria de contar. No mais é um dos filmes mais bonitos e emocionante que já assisti. Difícil de descrever com justiça.

 

Repescagens….

Esses são anteriores, mas só consegui ver em 2008.

 

 

SURF’S UP (TÁ DANDO ONDA)

 

pinguim é a maior onda

pinguim é a maior onda

Pinguins surfistas num filme de animação com uma dinâmica meio de ficção, meio de documentário. E tem vozes de surfistas de verdade.

 

É sensacional! O melhor de tudo é o velho surfista solitário com voz do Jeff Bridges. Tipo um Big Lebowski das ondas. E tem o frango surfista perdido entre os pinguins… Já tou com vontade de ver de novo.

A trilha sonora é maravilhosa, com direito a uma inédita da Lauryn Hill.

 

 

 

ZODIACO

assassino de aries a peixes

assassino de aries a peixes

 

 

Muito bom filme, baseado em história real do chamado assassino do Zodiaco, que mandava cartas à redação de um jornal de San Francisco, enlouquecendo as vidas de jornalistas e policiais nos anos 70.

Tem ótimos atores: Jake Gyllenhaal, Mark Rufallo e Robert Downey Jr. (por favor, continua assim que tá ótimo, bicho! ). 

Podia realmente ser menos longo (concordo com minha amiga Julie).

 

 

A PELE, BIOGRAFIA IMAGINÁRIA DE DIANE ARBUS

sob a pele de uma fotógrafa

sob a pele de uma fotógrafa

Há muitos anos li um livro da Susan Sontag sobre fotografia. Entre vários aristas das lentes, ela se detem sobre a obra de Diane Arbus. Lembro do texto de Sontag descrevendo as pessoas clicadas por Diane. Os mais diversos tipos marginalizados de Nova York, como anões, mulheres barbadas e outros freaks.

 

Esse filme com Nicole Kidman e Robert Downey Jr. é um belo e carinhoso retrato fictício da fotógrafa tão incompreendida em sua época. O título original em inglês, “Fur” (que quer dizer pele, mas do tipo peluda como de mink, chinchila ou qualquer outra que serve para casacos de pele), remete ao ramo da família de Diane, que comercializava casacos de pele.

Pele também  é o objeto imediato da curiosidade da fotógrafa, que conhece e se envolve com o vizinho, vivido por Robert Downey Jr., que sofre de hipertricose. Tem o corpo inteiramente coberto de pelos como um urso. 

O filme constrói um possível universo interior de Diane Arbus, dividida entre sua família conservadora, e a irresistível atração pelo exótico mundo dos outsiders.

 

ACROSS THE UNIVERSE

Beatles. Há quem não goste dos Beatles. O que acho estranho, pois eles são tão desiguais. Ao longo de 8 anos de existência, a banda fez cada álbum tão diferente do anterior. São várias facetas dos Beatles. Revolver está bem distante de A Hard Days Night, que não tem nada a ver com o White Album.

beatles, amor e revolução

beatles, amor e revolução

E que tal um filme que atravessa os anos 60 ao som dos Beatles? Era uma vez um cara chamado Jude, que se apaixona por Lucy. Eles vão para Nova York e moram na república da sexy Sadie, onde também vive a querida Prudence. 

E por aí segue o filme da ótima Julie Taymor (Titus e Frida). Uma explosão extasiante de cores, música, paz e amor ao som de Hey Jude, Lucy in The Sky with Diamonds, Dear Prudence, Helter Skelter, Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band e muitas outras, com direito a Bono cantando The Walrus. Mas nada remete a uma coleção de videoclipes. É muito mais que isso. Destaque para a cena mais bonita e impactante do filme, quando ouvimos Strawberry Fields Forever. 

 

TRILOGIA JASON BOURNE 

A Identidade Bourne

A Identidade Bourne

Esses filmes são o exemplo do gênero tiros, socos e correrias mais legais de assistir. Me rendi desde o primeiro, A Identidade Bourne. Apesar do Matt Damon, que não considero grandes coisas, é uma excelente aventura de espiões com roteiro sempre inteligente.

Os filmes mais populares de ação sempre me intrigaram, pois tenho dificuldade de acompanhar as cenas de batalhas, tiroteios, perseguições, aviões se bombardeando etc. Acho tudo muito rápido e acabo me intediando. Acho que foi o 300 que conseguiu me fazer acompanhar uma cena de batalha realmente maravilhada com toda a ação.

A Supremacia Bourne

A Supremacia Bourne

 

Mas nos filmes do Bourne, sei lá, não tem nem importância ficar sem entender totalmente a trama. A história funciona de qualquer jeito. E os dois últimos filmes, A Supremacia Bourne  e O Ultimato Bourne, são ainda melhor nesse aspecto. Foram dirigidos pelo Paul Greengrass (um dos cineastas mais interessantes do momento, ele fez também aquele Vôo não sei que lá da United), e têm o ritmo mais alucinado e vertiginoso ainda.

 

O Ultimato Bourne

O Ultimato Bourne

Coloquei a trilogia na lista porque foi apresentada em maratona no Telecine há uns meses atrás. E é incrível como a gente assiste um seguido do outro e fica com vontade de voltar a ver o primeiro, assim que o último acaba.

 

Além disso, o tema do Moby, Extreme Ways, é uma das minhas músicas favoritas do careca descendente de Herman Melville.

 

 

APOCALYPTO

Antes de mais nada, devo dizer que tenho uma bronca violenta do Mel Gibson como diretor. Tipo, eu nunca vou ver aquele do cristo, nem o da guerra de independência (apesar de ter o Heith Ledger, que Deus o tenha), nem aquele outro da guerra do Vietnã. Não me interessam as idéias revisionistas e reacionárias do cara. Prefiro ele como ator.  Pode ser canastrão, mas é lindo de morrer e carismático.

As exceções são o Brave Heart (apesar dele demonstrar uma homofobia descarada quando o rei defenestra o namorado do principe), o Homem sem face (ótimo) e esse mais recente, Apocalypto.

 

uma boa aventura do Gibson

uma boa aventura do Gibson

Gibson faz questão de tornar autêntica a reconstituição de época de seus filmes. Isso se vê em Brave Heart e, pelo que li, também naquele das guerras de independência (que conta com consultoria do Smithsonian Institution) e no do cristo ensanguentado feito uma picanha na cruz (falado em aramaico e o caramba). Esse rigor não garante bons filmes, mas é levado adiante com o Apocalypto, onde os atores falam uma língua que a divulgação do filme informava ser muito próxima da que os antigos astecas ou maias, sei lá, falavam. E ainda tem toda a parte de maquiagem, figurino (mínimo, pra falar a verdade) e adereços.

Mas o que importa dizer é que é um ótimo filme de ação, com tudo que uma narrativa clássica da jornada do herói tem direito. Nem precisava de tanta preocupação com a língua da época. Li uma resenha, acho que do NY Times, na época que estreou nos EUA, criticando o filme pela correria ininterrupta do personagem principal. Realmente, ele corre em boa parte do filme, mas acontecem taaaaaantas coisas. É bem bacana e passa no Telecine.

 

Lacunas …

Esses ainda não consegui ver. Ficaram para 2009, quem sabe?

ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ

A CULPA É DO FIDEL

PERSÉPOLIS

I’M NOT THERE

AGENTE 86

ANTES DE PARTIR

DAN IN REAL LIFE (A NAMORADA DO MEU IRMÃO?)

THE HAPPENING (M. NIGHT SHYAMALAN)

MADAGASCAR 2

HORTON E O MUNDO DOS QUEM

ROLLING STONES – SHINE A LIGHT

FAVOR REBOBINAR

BODY OF LIES (RIDDLEY SCOTT)