Tenho vários posts atrasados. Idéias que expiraram. Lembranças que ficaram bem fraquinhas. Então decidi juntar os caquinhos e fazer uma geral em 2008. E esse post ainda está em aberto… vai se esticar aos poucos.
IRON MAN
Essa é melhor filme baseado em HQ que já vi. Olha que gosto muito do X-Men1, mas o Iron Man veio na medida certa. A história é enxuta e inteligente, sem hipocrisias ou pieguices em relação às guerras no oriente médio, indústria armamentista e terrorismo. Tem uma concepção visual fabulosa. Mesmo lembrando o Ultraman em algumas partes (hehehe). Destaque para as seqüências de testes no laboratório do Tony Stark e a trilha sonora (viva o rock’n’roll!!!!).
E o melhor de tudo, é claro, o Tony Stark/Iron Man é o Robert Downey Jr. Oh meu Deus, que bom viver e ir ao cinema.
ESTÔMAGO
Esse é o melhor do ano. É a história mais genial de todas. Sei lá, desde o Cidade de Deus que não vejo um nacional tão bom.
Como boa filha de pau de arara, ri e chorei com a historia do Raimundo “Alecrim” Nonato, um cara da Paraíba que chega em uma cidade grande e conquista meio mundo pelo estômago. No fogão do restaurante ou do presídio, Alecrim cozinha também sua identidade e seu lugar no mundo.
Os atores são maravilhosos, principalmente o que faz o personagem principal (João Miguel) e o que encarna o Bujiú (Babu Santana), líder da cela do presídio em que o Alecrim foi parar.
Manja só esse diálogo.
NONATO: É gorgonzola! Esse queijo tem esse nome por causa do nome da cidade onde ele foi inventado, na Itália, ali bem pertinho dos Estados Unido…
BUJIÙ: Ô Alecrim, esse gorgonzola pode ser o queijo do caralho que for, meu irmão, tu pode fazê o que quiser com ele, mas esse negócio não vai ficar aqui dentro nem fudendo!
O site do filme tem um super conteúdo com vídeos, entrevistas etc. Destaque para o livro de receitas do Alecrim.
MY BLUEBERRY NIGHTS
Esse ganha no quesito beleza… Sonhar pode não custar nada. Ou só R$10 de ingresso numa quarta-feira.
Fujo do título brasileiro porque é muito mané, mas é esse aí da imagem.
A doce Nora Jones (a própria cantora mesmo) afoga as máguas com tortas de blueberry (mirtilo) num bar do Jude Law. Ai, ai… Ele e a direção do Wong Kar-Wai são garantia de encantamento.
JUNO
Adolescentes não vêm com manual, sabe?
E não há uma ordem certa dos fatores para construir uma mulher adulta… assim como não existe mulher adulta o suficiente para ser mãe.
Juno conta uma história muito singela sobre isso. Qualquer hora é hora. Pode ser com 16 ou 80 anos. Sempre haverá uma nova aventura, um medo de levantar o tampa do desconhecido. Mas a Juno nos deixa orgulhosas de ser garotas.
BATMAN – CAVALEIRO DAS TREVAS
Tenho que ver esse de novo, porque a expectativa foi tão grande e o contexto é tão complexo e sombrio, que saí sem saber se foi bom ou não.
Não há dúvida de que o Heith Ledger está sobrenatural (hum… malditos trocadalhos) como o Coringa. Ele rouba o filme totalmente. Não tem muita chance para o personagem-título. Engraçado que li uma declaração do Daniel Day Lewis sobre o Ledger, em que rasga a seda total do cara e lamenta a sua partida. Percebi no Cavaleiro das Trevas o quanto os dois são semelhantes como atores. Tem uma entrega meio mórbida ao personagem. Eles ficam deformados, numa espécie de transe dionisíaco.
Várias falas do Coringa já devem ter entrado para o dicionario de grandes citações cinematográficas. Lá vão três exemplos (mas só fazem sentido quando se vê o filme).
“It’s not about the money, it’s about sending a message. Everything burns!”
“See I’m not a monster, I’m just ahead of the curve.”
“I thought my jokes were bad.”
O INCRÍVEL HULK 2008
Ah, o incrível Edward Norton… Ele se mete em tudo. É ator, escreve roteiro ou reescreve os que não gosta, ajuda a escolher elenco, lava, passa e trás a pizza. Seja de uma adaptação do Somerset Maugham ou um kick-ass movie como esse do Hulk.
Ainda bem que ele é bom. Considero o EN um ótimo ator. Do tipo que me faz ver o filme só por ele. Não é um cara bonito. Tem um carinha meio Noel Rosa, meio “mamãe passou lavanda em mim, tá?”. Mas é absolutamente sedutor nos filmes. Ainda quero ver ele de Ricardo III, manco, torto, feio e podre seduzindo a cunhada. Hehehehehe.
Esse Hulk com o E. Norton é mega melhor que o anterior do Ang Lee. Esse de 2002 (acho) é estranho, um dos mais chatos do mundo. O Lee tentou abstrair do roteiro equivocado fazendo umas viagens visuais muito doidas em que fundia imagens fractais, tipo a vista aérea de um deserto mixando com as hemácias e leucócitos se deformando com os raios gama na corrente sangüínea (socorro, vam aí a reforma ortográfica) do Bruce Banner. Tudo muito sofisticado, mas o filme é uma m…..
Agora esse do Edward Norton, não. Esse é legal. Tem uns erros feios, que podem ser creditados à montagem. Tipo: o noivo da Liv Tyler meio que do nada escrotiza a parada toda. Cortaram algumas cenas que dariam mais sentido ao desenrolar da trama. Mas, ainda assim, é bom. O Hulk-Schrek dessa vez está bem mais fácil de engolir que o do outro filme. E tem o Edward Norton se virando no português em plena Rocinha (Tavares Bastos, na verdade), fazendo uma coisa que parece uma yoga-capoeira. Ha ha hah, meu deus do céu. Pelo menos alguém em Hollywood sabe que a gente fala Português.
Tem gente que odeia o seriado de TV do Hulk. Aquele do tema de piano tristinho. Eu gostava. O filme tem um pouco dessa onda da série, mas não pega pesado no drama. O Bruce Banner se fode tanto que é até engraçado. O EN com aquela cara de cachorro abondonado com roupa rasgada ao relento. Ô pobrezinho. Tô sacaneando, mas a história é legal e deixa coisas em aberto para um próximo filme. Quem sabe? Com tanto HQ virando filme, é capaz de malandro enjoar geral. Tomara que não.
EU SOU A LENDA
Só incluí esse filme porque gosto de 70% dele. O Will Smith é um camarada com muito carisma. No filme, ele é um oficial das forças armadas e médico-cientista, que vive sozinho com seu cachorro em Nova York, depois que a humanidade foi praticamente dizimada por uma praga horrorosa. Ele é imune à doença, mas os outros infectados, que não morreram, viraram zumbis. Smith tenta encontrar uma cura para a doença na solidão de seu laboratório. Às vezes ele ouve Bob Marley. Na falta de companhia, bate papo com os manequins das lojas abandonadas. De vez em quando, ele e o cachorro saem para caçar veados, que agora vivem soltos pela cidade.
O problema é que não gosto muito de filmes de zumbis, tipo Extermínio e tal. De uma maneira geral, nem gosto de filme de terror. Mas tinha que ter uma ameaça, pois é o propósito do filme. Por isso, descontei só 30%.
ELIZABETH – A ERA DE OURO
Sou obrigada a reconhecer que o outro Elizabeth é melhor. Mas esse tem seus méritos. A Cate Blanchett é uma das atrizes de que mais gosto. É sempre um luxo vê-la em ação. E tem de novo o ótimo Geoffrey Rush. E tem o colirão Clive Owen. Tinha tudo para ser tão bom quanto o anterior, o momento histórico é bem mais interessante (o lance da Invencível Armada, quando a Inglaterra vira a mesa no jogo de forças com a Espanha de Felipe II, e se firma como a grande potência dos mares). Locações, figurino e direção de arte são esplêndidos (mas também a Renascença é sempre uma festa para os bons diretores de arte).
A Elizabeth Tudor foi a primeira grande rainha da Grã-Bretanha (curioso como o país viveu dois de seus maiores momentos históricos governado por rainhas. Depois de Elizabeth I, Vitória foi a soberana do século 19 e seu reinado influenciou os costume de todo o planeta).
Enfim, tudo parece ótimo, mas o filme não empolga tanto quanto poderia.
WALL.E
A Pixar é sempre surpreendemte e impecável. Sempre oferece uma história inteligente, divertida e cativante, contada através de imagens deslumbrantes.
É impressionante o rigor e sofisticação do tratamento dos planos, sempre cheios de detalhes. São obras de arte animadas. Lembro que fiquei com fome vendo Ratatouille. Embora não haja uma preocupação com a veracidade ao retratar humanos e animais, os personagens sempre são carismáticos e convincentes.
Então, Wall.E é um simpático robozinho que ficou para trás na Terra. O planeta foi abandonado pela humanidade por falta de condições ambientais para a vida. O solo não produz mais vegetais, o sol fica encoberto por uma névoa de poluição bem feia. Enfim, tô descrevendo de um jeito que provavelmente é errado, mas é mais ou menos esse o cenário em que o solitário Wall.E vive, compactando e empilhando lixo, colecionando objetos que acha interessantes. Ele mora numa espécie de container, onde guarda suas coleções de vídeos (incluindo alguns clássicos do cinema) , eletrodomésticos e outras coisas que acha interessantes, embora não compreenda sua utilidade. E tem a barata-cachorro. Essa é uma piada ótima do filme. Depois do desastre ecológico que tornou a Terra um deserto, quem sobrevive? Um robô e uma barata.
E pelo fato de ter apenas essas duas criaturas em cena, a parte inicial do filme tem outra característica pouco usual: não tem falas. Se apóia basicamente na ação dos personagens. Então já começa muito interessante.
E tem a coisa do robô. Digo, histórias de robôs sempre emocionam. Robôs simpáticos e solitários, então, me fazem chorar. Imagine ainda que esse robô se apaixona perdidamente por uma robôa alienígena. Eu queria levar o Wall.E para casa e assistir os filmes do Fred Astaire com ele.
Mal espero pelo próximo desenho da Pixar.
007 QUANTUM OF SOLACE
Bom… tem gente que reclama que ele é sujo e deselegante.
Talvez não seja o mais apolíneo, vamos dizer assim. Certamente não tem nada a ver com o Sean Connery. Nem com o Roger Moore ou o Pierce Brosnan. Mas eu me amarro no novo 007 do Daniel Craig.
Ele é mais ácido, fala menos, pega menos mulher e apanha mais. Quebra alguns paradigmas do personagem, pois além de tudo o que foi enumerado acima, tem seu corpo mais explorado do que o das mulheres. Mas não falta charme ao novo James Bond. Craig tem uma carga de fúria e virilidade meio Steve McQueen. E ainda veste um smoking com naturalidade.
Esse segundo filme com o Daniel Craig, Quantum of Solace, confirma todas essas novas facetas do 007. Sempre tem umas falas curtas e impagáveis do agente secreto. No filme anterior (Cassino Royale), minha preferida era: Vesper diz ‘I am the money.’ James Bond dá uma manjada na Eva Green e responde ‘Every penny of it.’ Nesse novo filme, gosto da cena da chegada da agente ruiva, de quem o Giancarlo Giannini observa: ‘Bond ela pode usar algemas.’ E Bond só responde: ‘You hope so.’
Breve num próximo post:
SWEENEY TODD
MAMMA MIA!
ARQUIVO X 2
STAR WARS THE CLONE WARS
KUNG FU PANDA
SURF’S UP (TÁ DANDO ONDA)
BEWULF
CRÔNICAS DE NÁRNIA – PRÍNCIPE CASPIAN
HELLBOY 2: THE GOLDEN ARMY
CASSANDRA’S DREAM
CONVERSAS COM MEU JARDINEIRO
ATONEMENT (DESEJO E REPARAÇÃO) : A propósito da honestidade e da realidade
THERE WILL BE BLOOD (SANGUE NEGRO)
O CLUBE DE LEITURA DE JANE AUSTEN
BECOMING JANE
MARGOT AT THE WEDDING
O ESCAFANDRO E A BORBOLETA
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